segunda-feira, 23 de março de 2015

Review de Endless Forms Most Beautiful do Nightwish


                                                                             por Marcelo Mendonça
 
A banda finlandesa de symphonic metal, Nightwish, além de bons discos, traz ao longo de sua carreira um histórico de mudanças de integrantes com grande impacto em trabalhos posteriores. Com a saída de Sami e a entrada de Marco Hietala no baixo, ganharam um vocal masculino que até então se resumia a participações especiais. Quando a vocalista Tarja Turunen saiu, muitos deram o Nightwish como encerrado, porém contrataram Anette Olzon, o que fez com que a sonoridade tendesse para o pop, dividindo parte dos fãs. Nos últimos anos, Anette também saiu, dando lugar a Floor Jansen, ex-After Forever, e o baterista Jukka Nevalainen se afastou temporariamente da banda por estar sofrendo de forte insônia. Com toda essa bagagem, lançam Endless Forms Most Beautiful.
A primeira faixa do disco é Shudder Before the Beautiful, na qual mostra-se totalmente a nova cara da banda, sendo impossível não perceber a postura com Floor à frente. Enérgica e consistente. O tema é o mais recorrente em todo o álbum: a beleza e a imponência da natureza. Solo bem trabalhado por Emppu. A próxima, Weak Fantasy tem início que remete a época de Wishmaster e Century Child, já com a participação de Marco nos vocais. Élan foi a escolhida como primeiro single dando destaque para Troy Donockley e suas flautas e gaitas (que já havia participado como convidado nos álbuns da era Anette), agora como membro oficial. O vigor e as alternativas vocais de Floor Jansen derrubam por terra qualquer suspeita de que a nova formação não pudesse vingar. Refrão marcante.
Yours is na Empty Hope é a mais pesada, alternando os vocais entre Floor e Marco. Contrasta com a suave Our Decades in the Sun, que cresce em sua metade com a adição da guitarra de Emppu para depois voltar à calmaria. A orquestração e o teclado de Tuomas contribuem imensamente para que esta seja a mais bela canção do disco. Em seguida, My Walden traz de volta a energia revigorante, podendo o refrão facilmente continuar ecoando na memória por algum tempo após se ouvir a música. A segunda parte tem um acréscimo instrumental que em muito engradece a canção, não se desprezando a performance de Floor, mais uma vez.
A faixa-tíulo, Endless Forms Most Beautiful, apresenta um clima diferente, valendo-se em muito dos riffs de guitarra. O nome foi tirado de um trecho do célebre livro A Origem das Espécies de Charles Darwin, que baseia também a letra. A sequência vem com Edema Ruh e Alpenglow, de bons desempenhos dos integrantes. The Eye of Sharbat Gula é uma música instrumental com ênfase na vocalização. Uma das melhores do novo trabalho. O encerramento fica por conta de The Greatest Show on Earth, com praticamente vinte e quatro minutos, chegando a parecer que a música terminou pelos menos três vezes. Pode ser classificado como um empolgante score de um filme fictício.

Talvez Endless Forms Most Beautiful não venha a ser tão venerado quanto outros trabalhos da banda, mas agrada de forma geral, principalmente aqueles que criticavam o vocal mais limitado de Anette Olzon. De todo modo, a diversidade sonora parece sempre combinar com o Nightwish.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Review do disco Rebel Heart de Madonna

                                                                             por Marcelo Mendonça

 
Quem é rei nunca perde a majestade. O mesmo se pode dizer sobre a rainha? Madonna, o nome máximo do pop moderno, ressurge do lamaçal de hits baratos e mostra ao mundo musical que a coroa ainda lhe cai bem. Após dois álbuns essencialmente ruins, quando a superstar tornou-se uma cópia daquelas que um dia surgiram como cópias de Madonna, é lançado Rebel Heart, que a recoloca nos bons trilhos dos quais tantos bons frutos já surgiram.
 
A primeira faixa (também primeiro single), lançada ainda em 2014, Living For Love é uma canção pop que trata de relacionamento acabado, levantar-se e seguir a vida. Demonstra a boa tendência do restante do disco, letras maduras, na maioria dos casos, alternâncias de climas, indo do calmo ao explosivo, com momentos eletrônicos, house e dubstep, nos momentos certeiros, e performance vocal muito superior aos trabalhos anteriores. O piano é tocado na música por Alicia Keys.
Em Devil Pray, com a produção de Avicii (que, além desta, assina várias faixas do disco), Madonna quer fazer o diabo rezar. Letra com toques de ironia, mas que trata de temas como dependência química, seus abusos e o contraste religioso. Um dos destaques do disco. Esta é seguida por Ghosttown, a melhor do álbum, e possivelmente a melhor música que ela tenha lançado desde Frozen, de 1998. Sua voz na canção tem sido amplamente comparada à de Karen Carpenter e a melodia à de canções como Live to Tell e Crazy for You.
Unapologetic Bitch mistura ska com um pós-refrão eletrônico. Illuminati ironiza os boatos que a cantora pertença a tal sociedade secreta. O refrão diz: “It's like everybody in this party, shining like Illuminati”. Há menções a outras personalidades tidas como membros dos Illuminati, como Obama, o Papa, Rihanna e Bill Gates. Na sequência, Bitch I’m Madonna pode causar impressão ruim pelo título aparentemente pretensioso e desnecessário para alguém de seu porte, mas a música em si se sobressai do tema mais fútil, com um ritmo animado e uma boa produção. Participação de Nicki Minaj.
Hold me Tight soa como uma pop dançante com a participação do Coldplay nos arranjos. A seguir, Joan of Arc aborda as consequências negativas do estrelato. Algumas próximas valem uma audição, como HeartBreakCity e Inside Out. As demais não comprometem o bom trabalho. Wash All Over Me, a mais suave, encerra com impecável qualidade. Há ainda em algumas versões lançadas outras onze faixas que foram lançadas como bônus, algumas bem interessantes como Veni, Vidi, Vici e Rebel Heart.
Com o lançamento de Rebel Heart, fica a esperança que Madonna tenha provado a si mesma que não é preciso produzir música genérica para figurar nas paradas de sucesso e que ela só alcança seu melhor desempenho sendo Madonna. Que isso reflita nos próximos trabalhos.