por Marcelo Mendonça
Bom, galera, como prometido, vim
dar um relato do que, em minha opinião, foi o Rock in Rio 2013, ou pelo menos,
os shows que tive oportunidade de acompanhar. Como dissemos anteriormente no
podcast, um ótimo festival de música, mas, infelizmente, um fraco festival de
rock. Mas devo admitir que vi mais bons momentos do que eu esperava.
Living Colour veio com uma pegada
que animou, principalmente, por contar com músicos extremamente habilidosos.
Mas quando veio a parceria com a Angélique Kidjo, o resultado não agradou
muito. A homenagem ao Cazuza foi uma boa intenção. Como se fosse algo inusitado
as suas músicas sendo interpretadas por Ney Matogrosso e Frejat. Os demais
também souberam fazer sua parte, mas nada que chamasse atenção, até para os fãs
do poeta. E ainda tivemos que ouvir a Bebel Gilberto dizer: “isso é um p**a de
um encontro, se sintam muito privilegiados”. Sorte deles. Na sequência, Ivete
Sangalo. Um momento interessante e cômico para alguns, foi a versão da baiana
para “Love of my Life” do Queen. Sinal de que ela gosta de coisa melhor do que
aquilo que ela costuma cantar. David Guetta foi um incrível show de alguém que
aperta um botão: não vale mais do que duas linhas de comentário. Beyoncé fez
uma apresentação bem produzida, embora acabe soando tudo como muito artificial.
Cantou seus sucessos, mudou incontáveis vezes o figurino. De fato algo que só
vai agradar quem já é fã da cantora. Quando ela quis fazer sua “homenagem” ao
Brasil dançando funk carioca, saiu como um tiro no pé.
No segundo dia, melhor
musicalmente, mas não o suficiente para salvar a primeira semana. Marky Ramone
com Michale Graves no vocal tocaram um clássico dos Ramones atrás de outro. Foi
de ótimo tamanho para o palco Sunset. Tributo ao Raul com Detonautas e
participações de Zélia Duncan e Zeca Baleiro, ao menos foi melhor e mais
empolgante do que o dia anterior para o Cazuza. Capital Inicial fez um bom
show, como dito antes, na medida das limitações técnicas deles. Num dos
momentos que chamaram a atenção, Dinho Ouro-Preto mencionou que o rock nacional
estava de luto pela perda de Champignon e resolveu fazer uma homenagem também tocando
uma música do Charlie Brown Jr. Só não percebeu que a música, “Só os Loucos
Sabem”, é da fase em que Champignon não estava na banda. Offspring fez o melhor
show da noite, ainda que no palco Sunset. Mostraram que ainda estão em forma e fizeram
o público para pular e balançar a cabeça do começo ao fim. Ainda teve a
participação de Marky Ramone na bateria no final.
Thirty Seconds to Mars fez
uma apresentação entre média e boa. Jared Leto ainda surpreendeu descendo na
tirolesa que passa em frente ao palco. Florence and the Machine, apesar de não
ser rock, não decaiu em relação aos anteriores. Músicos muito bons, (inclusive
um harpista!). Não é o que há de melhor na música, mas a vocalista, Florence
Welch, é naturalmente carismática e dona de uma grande voz. Estava se
divertindo no palco num ponto que em alguns momentos até se esquecia de se
concentrar na afinação. O Muse fechou a noite e não agradou muito mais do que
os próprios fãs. A simplicidade e carisma que sobraram na Florence faltaram
para Matthew Bellamy. O uso de inúmeros playbacks também desanima um pouco.
Tocaram as músicas já esperadas, bem executadas, há de se admitir. No geral,
nada de desastroso.
Domingo, terceiro dia, apresentou
para mim a portuguesa Aurea, com uma voz que merece destaque. Nando Reis
mostrou um repertório com seus grandes sucessos e teve a participação do
parceiro Samuel Rosa em algumas músicas. O último show do Sunset no dia foi de
George Benson com a participação do Ivan Lins, e o americano, literalmente,
suou a camisa debulhando a sua guitarra. Jessie J chamou mais atenção por quase
ter beijado um rapaz do público. Alicia Keys, em nível de comparação, por se
assemelharem os estilos, fez um show musicalmente bem melhor ao da Beyoncé:
direto no ponto, sem tantas firulas e com canções menos artificiais. Justin
Timberlake foi a mescla entre uma banda muito habilidosa com samples e
playbacks. Assim como a atração anterior, boa parte das músicas dele, ainda sendo
pop, não são necessariamente descartáveis. Justin é um artista talentoso, mas
no geral, não é ousado o suficiente para fazer musicas de fato boas.
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